SEJAM BEM VINDOS!!

Fiz esse blog com incentivo de um amigo meu das letras. A princípio era mais uma brincadeira de escrever, mas aos poucos fui tomando gosto, e hoje não consigo passar um dia sem "por os pés" aqui. Agradeço sinceramente os caros leitores que passarem por aqui. Fiquem à vontade para comentar, sugerir ou acompanhar esse democrático e rabugento espaço (como queiram).

COMPARTILHANDO BLOGS

Olha quem acompanha esse blog:

quarta-feira, 28 de abril de 2010

VOYEUR



O amor espreita pela fechadura

conversa com os seus botões

(desabotoa)

abre e ensaboa a pele úmida.

blue eye looking thru a keyholeimagem



sábado, 24 de abril de 2010

sábado, 17 de abril de 2010

ANNA AKHMÁTOVA (De "Sonho negro")


Mais um "altered poem" de Akhmátova. Aqui o original. Logo depois o poema alterado por mim. Me empolguei com a brincadeira...rs


DE "SONHO NEGRO"





És sempre insólito e misterioso

e eu, a cada dia, mais submissa.

Mas teu amor, ó meu amor tirano,

é uma provação a ferro e fogo.



Tu me proíbes de rir e de cantar

de rezar já me proibiste há muito tempo.

Desde que a nos separar nós não cheguemos,

pouco te importa o que me aconteça!




Assim, estrangeira ao céu e à terra,

eu vivo e já não canto mais.

É como se afastasses minha alma peregrina

tanto do inferno quanto do céu.




Por causa de teu amor enigmático

eu gemo como uma enferma.

Fui ficando amarelada e trêmula,

quase não consigo mais andar.




Não me venhas com novas canções,

que elas podem ser enganadoras;

mas arranha, arranha com mais força

este meu peito de tísica,




para que o sangue mais rápido espirre

de meu colo sobre a cama,

e a morte de meu coração arranque

para sempre esta maldita embriaguez.


Ele me disse que não tenho rival,

que para ele não sou uma mulher deste mundo,

e sim um sol de inverno que à terra tráz alegria,

Uma canção selvagem vinda da terra natal.

Quando eu morrer, ele não ficará triste,

não gritará, cheio de pavor: "Ressuscita!"

Mas, de repente, perceberá que é impossível viver

o corpo sem sol, a alma sem canções.


E daí?


[...]

>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>



DE "SONHO NEGRO"


És misterioso


e eu submissa.


teu amor é a ferro e fogo.


De rir e de cantar me proibiste


Separar? Pouco te importa


estrangeira, não canto,


minha alma peregrina:


inferno, céu...


Por teu amor gemo


amarelada e trêmula


canções enganadoras.


Arranha meu peito


que o sangue espirre sobre a cama


e a morte arranque esta embriaguez.


Ele disse que não sou uma mulher


e sim um sol, uma canção.


Quando triste gritará:


_Ressuscita!?


É impossível viver sem sol, sem canções...







quinta-feira, 8 de abril de 2010

Poema modificado de ANNA AKHMÁTOVA

Andei treinando (com incentivo de um amigo meu) o novo conceito de criação poética: Altered Books. Olhem no que deu (rs):
CRIAÇÃO

É assim:
um cansaço
a luta das horas
abismo de sons e de sussurros
À volta
silêncio no bosque
as palavras anunciam os versos ditados
na alvura do caderno.

PS: Só lamento não está nítida a imagem do texto original.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

UM POEMA ESTAGNADO


UM RIO QUE NÃO CORRE PRO MAR
UMA AVE DE ASA CORTADA
UM VOO DE BEIJA-FLOR
UM GRITO PRESO NA GARGANTA
UMA MÚSICA EM STAND BY
UM ABORTO INESPERADO
UM FILHO QUE O MAR LEVOU
UMA ÁRVORE DE BONSAI
UM SONHO ACORDADO
UM COITO INTERROMPIDO
UMA PÍLULA DO DIA SEGUINTE
UM PASSAGEIRO QUE PERDEU O VOO
UM CARRO NA CONTRAMÃO
UM SOL QUE NÃO SE PÔS
UM HORIZONTE PERDIDO
UM BUSTO DE SCHUBERT
UMA "SINFONIA INCOMPLETA"
UMA GOTA DE ÁGUA SÓLIDA
UM POÇO DE ÁGUA PARADA
UM COÁGULO NA ARTÉRIA
UMA PARALISIA VERBAL
.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

"A NOITE" (Paul Éluard)

"Nos mais belos versos de Éluard deita o pôr-do-sol escarlate principiando a noite branca." (Selma, 2010)


A NOITE


Acaricia o horizonte da noite, busca o coração de azeviche que a aurora recobre de carne. Ele te porá nos olhos pensamentos inocentes, chamas, asas e verduras que o sol ainda não inventou. Não é a noite que te falta, mas o seu poder.