
">SOBRE LINHAS
Foi numa noite dessas
Cruzou comigo um olhar
Mas fingiu não me ver
Esnobou-me .
Eu quis tocá-lo,
Roçar meus dedos sobre sua pele
Mas resisti.
Ele atrevido pegou-me as mãos
Arrastou-me aos seus pés
Fez-me ajoelhar
Gozou de minha pureza
E hoje sou sua escrava
Sujeita aos seus caprichos
Quando quer me usar
Às vezes avisa
Outras deixa-me de sobreaviso.
Essa noite surpreendeu-me
Chegou sem pedir licença
Invadiu meu espaço
Rolou sobre os lençóis
Um cheiro branco de pecado
Insinuou uns passos
Equilibrista sobre as linhas
Evadiu-se.
Sem pudores deixou-me essas linhas.
Ah! Se eu pudesse domesticar o meu poema. (SELMA, 2008)
2 comentários:
Muito bacana a chave de ouro do poema... Essa poetisa ainda arranca uma ou outra catarse humorada da gente... só falta fazer chover... parabéns.
O fazer poético é um mar de purificação, mas só os anômalos mergulham, em busca de sua própria dicção.
PS: se chover estraga, kkk...
Postar um comentário