quarta-feira, 28 de abril de 2010
VOYEUR
O amor espreita pela fechadura
conversa com os seus botões
(desabotoa)
abre e ensaboa a pele úmida.
sábado, 17 de abril de 2010
ANNA AKHMÁTOVA (De "Sonho negro")
Mais um "altered poem" de Akhmátova. Aqui o original. Logo depois o poema alterado por mim. Me empolguei com a brincadeira...rs
DE "SONHO NEGRO"
És sempre insólito e misterioso
e eu, a cada dia, mais submissa.
Mas teu amor, ó meu amor tirano,
é uma provação a ferro e fogo.
Tu me proíbes de rir e de cantar
de rezar já me proibiste há muito tempo.
Desde que a nos separar nós não cheguemos,
pouco te importa o que me aconteça!
Assim, estrangeira ao céu e à terra,
eu vivo e já não canto mais.
É como se afastasses minha alma peregrina
tanto do inferno quanto do céu.
Por causa de teu amor enigmático
eu gemo como uma enferma.
Fui ficando amarelada e trêmula,
quase não consigo mais andar.
Não me venhas com novas canções,
que elas podem ser enganadoras;
mas arranha, arranha com mais força
este meu peito de tísica,
para que o sangue mais rápido espirre
de meu colo sobre a cama,
e a morte de meu coração arranque
para sempre esta maldita embriaguez.
Ele me disse que não tenho rival,
que para ele não sou uma mulher deste mundo,
e sim um sol de inverno que à terra tráz alegria,
Uma canção selvagem vinda da terra natal.
Quando eu morrer, ele não ficará triste,
não gritará, cheio de pavor: "Ressuscita!"
Mas, de repente, perceberá que é impossível viver
o corpo sem sol, a alma sem canções.
E daí?
[...]
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
DE "SONHO NEGRO"
És misterioso
e eu submissa.
teu amor é a ferro e fogo.
De rir e de cantar me proibiste
Separar? Pouco te importa
estrangeira, não canto,
minha alma peregrina:
inferno, céu...
Por teu amor gemo
amarelada e trêmula
canções enganadoras.
Arranha meu peito
que o sangue espirre sobre a cama
e a morte arranque esta embriaguez.
Ele disse que não sou uma mulher
e sim um sol, uma canção.
Quando triste gritará:
_Ressuscita!?
É impossível viver sem sol, sem canções...
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Poema modificado de ANNA AKHMÁTOVA
Andei treinando (com incentivo de um amigo meu) o novo conceito de criação poética: Altered Books. Olhem no que deu (rs):
CRIAÇÃO
É assim:
um cansaço
a luta das horas
abismo de sons e de sussurros
À volta
silêncio no bosque
as palavras anunciam os versos ditados
na alvura do caderno.
PS: Só lamento não está nítida a imagem do texto original.
É assim:
um cansaço
a luta das horas
abismo de sons e de sussurros
À volta
silêncio no bosque
as palavras anunciam os versos ditados
na alvura do caderno.
PS: Só lamento não está nítida a imagem do texto original.
quarta-feira, 7 de abril de 2010
UM POEMA ESTAGNADO
UM RIO QUE NÃO CORRE PRO MAR
UMA AVE DE ASA CORTADA
UM VOO DE BEIJA-FLOR
UM GRITO PRESO NA GARGANTA
UMA MÚSICA EM STAND BY
UM ABORTO INESPERADO
UM FILHO QUE O MAR LEVOU
UMA ÁRVORE DE BONSAI
UM SONHO ACORDADO
UM COITO INTERROMPIDO
UMA PÍLULA DO DIA SEGUINTE
UM PASSAGEIRO QUE PERDEU O VOO
UM CARRO NA CONTRAMÃO
UM SOL QUE NÃO SE PÔS
UM HORIZONTE PERDIDO
UMA AVE DE ASA CORTADA
UM VOO DE BEIJA-FLOR
UM GRITO PRESO NA GARGANTA
UMA MÚSICA EM STAND BY
UM ABORTO INESPERADO
UM FILHO QUE O MAR LEVOU
UMA ÁRVORE DE BONSAI
UM SONHO ACORDADO
UM COITO INTERROMPIDO
UMA PÍLULA DO DIA SEGUINTE
UM PASSAGEIRO QUE PERDEU O VOO
UM CARRO NA CONTRAMÃO
UM SOL QUE NÃO SE PÔS
UM HORIZONTE PERDIDO
UM BUSTO DE SCHUBERT
UMA "SINFONIA INCOMPLETA"
UMA GOTA DE ÁGUA SÓLIDA
UM POÇO DE ÁGUA PARADA
UM COÁGULO NA ARTÉRIA
UMA PARALISIA VERBAL.
UMA "SINFONIA INCOMPLETA"
UMA GOTA DE ÁGUA SÓLIDA
UM POÇO DE ÁGUA PARADA
UM COÁGULO NA ARTÉRIA
UMA PARALISIA VERBAL.
sexta-feira, 2 de abril de 2010
"A NOITE" (Paul Éluard)
"Nos mais belos versos de Éluard deita o pôr-do-sol escarlate principiando a noite branca." (Selma, 2010)
A NOITE
Acaricia o horizonte da noite, busca o coração de azeviche que a aurora recobre de carne. Ele te porá nos olhos pensamentos inocentes, chamas, asas e verduras que o sol ainda não inventou. Não é a noite que te falta, mas o seu poder.
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