
Suave e gravemente
O seu ataque desesperado
Afaga e morde os lábios
Como em fúria dormente
Um gosto amargo na boca
Do beijo ainda recente
Solvente lavaria o céu
O céu arruinado de fel
Mas a arritmia cerrada
A veia ainda acelerada
Faz-lhe o gosto subir ao céu
E um escarlate sorriso amargo
Escorre do céu da boca:
Sangue fétido, paixão louca!
2 comentários:
Pó cheira a raio de sol,
mel bravo à liberdade,
boca de moça à violeta,
e o ouro não cheira a nada.
A reseda cheira à água,
amor à maçã rescende,
mas agora já sabemos-
só o sangue cheira a sangue...
Em vão o pretor romano
se lavava as palmas grossas
sob os gritos da plebe.
E a rainha da Escócia
debalde raspava as gotas
vermelhas da mão esguia
na penumbra sufocante
da real moradia.
Anna Akhmátova, Só o Sangue cheira a Sangue
Mui belo...
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