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Fiz esse blog com incentivo de um amigo meu das letras. A princípio era mais uma brincadeira de escrever, mas aos poucos fui tomando gosto, e hoje não consigo passar um dia sem "por os pés" aqui. Agradeço sinceramente os caros leitores que passarem por aqui. Fiquem à vontade para comentar, sugerir ou acompanhar esse democrático e rabugento espaço (como queiram).

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domingo, 10 de maio de 2009

PLACA MÃE






"
SER MÃE É PADECER NO PARAÍSO." Quem não leu em algum outdoor ou nunca ouviu a célebre frase? Não precisa, necessariamente, se reportar a era adâmica para se ter a noção do ethos que permeia essa expressão. Eu nem sei se esse pensamento é mesmo da Madre Tereza de Calcutá (perdoe-me o leitor a ignorância e a falta de tempo pra pesquisar), mas seja de quem for, sempre achei um discurso meio contraditório.

Não me refiro a análise estilística da frase propriamente dita, mas sim, a estrutura semântica e consequentemente, a carga ideológica que esta carrega.
É bem verdade que o leitor mais atento refutaria os meus argumentos se respaldando, por exemplo, em Camões:

"Amor é fogo que arde sem se ver,/ é ferida que dói, e não se sente;/ é um contentamento/ descontente." (...) Clique aqui pra ler o poema completo.

Ora, o poeta português, Luís de Camões, foi perfeitamente claro e objetivo (apesar do paradoxo), quando usou termos contrários para dar a noção de proximidade, de relação entre os significados. No verso, por exemplo : "é um contentamento descontente", mora um paradoxo, e mora também o perigo quando não sabemos interpretar a idéia central do texto. Se analisarmos com mais precisão veremos que a expressão resume em si todo o sentido do amor, no poema. O adjetivo descontente na linguagem denotativa, significa a negação de contente, mas em concordância com o substantivo contentamento, expressa uma linguagem conotativa de valor afetivo e aproximado mesmo de sentido oposto, ou seja, a plurissignificação extrapola a esfera do real.

Mas não há necessidade de expandir esse tema nesta postagem (quem sabe em outra oportunidade), foi simplesmente uma ilustração explicativa, para esclarecer o leitor sobre enrascadas discursivas que às vezes nos deparamos, e que pode ir de um simples verbete contraditório entendido como um paradoxo, a uma verborragia sem precedentes.

Voltemos ao assunto... O que eu quero mesmo aqui, é meter o bedelho na "placa mãe" citada no ínicio do texto. Fico aqui ruminando as idéias quando lembro essa expressão: "ser mãe é padecer no paraíso." Ora, concordo que a linguagem escrita dê margem a várias interpretações, mas uma "tirada filosófica" como essa, deixa subentendido que toda mãe está predestinada a padecer, a sofrer (o que não concordo), mesmo sendo num "paraíso". Se bem que a comparação não faz referência, exatamente, a nenhum "lar doce lar" como o de Eva (personagem bíblico, que foi expulsa do paraíso por comer do fruto proibido e condenada a sofrer com dores de parto), mas já é o suficiente pra eu sair da moita e descer o pau. Não só pelo fato do discurso desenvolver um pensamento contraditório, mas por instigar uma visão universal daquilo que seria pessoal, o seu ethos. E que serve também como prato cheio para as campanhas publicitárias, principalmente o Dia das Mães.

Sempre tive uma visão positiva do ser mãe, mesmo diante de casos noticiados diariamente na mídia sobre a violência e o descaso praticado por alguma delas. Ainda acredito na sensibilidade e no instinto materno da maioria, desde que esta se conscientize do seu papel, enquanto ser que gera outro, e sobre este tem responsabilidade afetiva, ética, equilíbrio emocional e psicológico para dá amor e tentar superar as adversidades. Não existe "padecer", mas a força pra enfrentar desafios e superar obstáculos.



PS: Parabéns especial a todas as mães que passarem por aqui!









Um comentário:

ANNE KARINE DE LIMA disse...

Para me add no orkut tens que enviar o convite para este e-mail:
ojuaraenna@gmail.com

Abraços!